Diversidade ainda longe das altas esferas das companhias
Baixa presença de pretos, pardos e mulheres ainda é a realidade nos postos de comando
Um levantamento com as companhias abertas mostrou, de forma ampla, o que já se sabia de forma intuitiva: a alta administração das companhias com papéis listados na bolsa ainda possui pouca diversidade. Foi o que constatou o Estudo Global do Formulário de Referência 2023, realizado pela MZ Consult a partir dos formulários de referência entregues neste ano.
A menor diversidade encontrada foi a racial: pretos e pardos ocupavam, respectivamente, 0,3% e 3,4% dos cargos de diretoria. 82,5% dos diretores se declararam brancos, 2,4% amarelos, 1,6% outros e 9,8% não responderam. No conselho de administração, a situação é semelhante: pretos são 0,8%, pardos 1,9%, brancos representam 83%, amarelos 2,1%, outros 1,4% e 10,8% não responderam. Pessoas que se declararam indígenas não aparecem nos conselhos e nem nas diretorias executivas. O levantamento analisou 358 companhias listadas na B3.
Com relação à diversidade de gênero, o retrato ainda mostra uma grande desigualdade, ainda que o avanço seja mais visível com relação à presença de mulheres. Na diretoria, se declararam do gênero feminino 13,7%, enquanto 82,2% do gênero masculino, 0,4% de outros e 3,7% não responderam. No recorte que considerou o setor de atuação, saneamento e educação contaram com maior participação de mulheres na diretoria, com 23% e 17%, respectivamente. O setor de exploração de imóveis, por sua vez, foi o que contou com maior participação daqueles que se denominaram de outro gênero, com 8%.
No conselho de administração, os percentuais foram similares: 15,1% de mulheres, 79,7% de homens, 0,9% de outros e 4,3% não responderam. Considerando os setores, telecomunicações e papel e celulose mostraram maior participação de mulheres nos conselhos, com 24% e 23%, respectivamente. No setor de exploração de imóveis, 11% se definiram como outros.
O levantamento foi possível graças à obrigatoriedade de as empresas passarem a divulgar dados referentes a aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) nos formulários de referência, conforme requerido pela Resolução 59/21 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Elas também passaram a ter que divulgar dados sobre a disparidade salarial entre funcionários e alta administração. Este foi o primeiro ano em que as empresas precisaram apresentar o formulário com essas informações.