Alta administração carece de diversidade racial
Pesquisa do IBGC mostra que brancos são maioria em conselhos e diretorias de companhias abertas
Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) levantou dados sobre como anda a diversidade de raça na alta administração das companhias abertas brasileiras. E o resultado quantifica o que, intuitivamente, já se sabia: é muito baixa a representatividade das parcelas de pretos e pardos nas diretorias e nos conselhos de administração e fiscais.
De acordo com a pesquisa, 81,1% dos conselheiros e diretores se autodeclararam brancos. Pardos representam 3,2%, pretos, 0,6%, amarelos, 1,8%. “Outros” são 1,9% e 11,5% não responderam. Nenhum administrador se autodeclarou indígena.
Os resultados, quando se considera o total de empregados das companhias pesquisadas, mostram diversidade bem maior – o que sugere que a ascensão pelas minorias até o topo da pirâmide ainda é exceção. Considerando os empregados dessas empresas, a proporção de brancos cai para 38,9%, enquanto a de pardos e pretos aumenta para 29,9% e 8,6%, respectivamente. Amarelos e indígenas representam 1,3% e 0,4%.
Os resultados constam da pesquisa Análise da diversidade de gênero e raça de administradores e empregados das empresas de capital aberto. Anteriormente, a pesquisa levantou dados apenas relacionados à diversidade de gênero, mas não trazia o recorte racial. A inclusão deste se tornou possível porque, em 2021, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Resolução 59/21, que passou a exigir que dados de raça também fossem divulgados pelas companhias abertas.
Diversidade de gênero
Quanto à diversidade de gênero nos cargos de administração, a pesquisa constatou que houve uma pequena evolução desde que os dados foram levantados pela primeira vez, há quatro anos. Ela passou de 12,8% em 2021 para 15,8% em 2024 – evolução de três pontos percentuais.
Quando se leva em conta o recorte de gênero, nota-se o mesmo fenômeno: há um funil entre a base da pirâmide e o topo, representado pelos cargos nos conselhos fiscais e de administração e a diretoria. Empregados do gênero masculino eram 52,6%, enquanto 37,9% eram do gênero feminino. 9,4% não responderam. Não binários representam 0,02% e “outros” eram 0,1%.
Considerando a pesquisa, o IBGC ressaltou que: “Tais resultados evidenciam a necessidade de reflexão, por parte das empresas e demais agentes do mercado, sobre desenvolvimento de práticas para promoção de diversidade de gênero e raça. Especialmente para os órgãos da administração, onde a diversidade é menor, cabe a reflexão por parte dos próprios administradores, reguladores e investidores sobre como promover o acesso dos grupos menos representados aos conselhos e diretorias”.