Leilões reversos deixam credor entre a cruz e a espada

Investidores têm de decidir entre esperar muito para receber, com desconto significativo, ou receber à vista com deságios que podem ser ainda maiores

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Os leilões reversos de créditos fazem parte de dois dos planos de recuperação judicial (RJ) mais ruidosos da atualidade: da Light e da Americanas. Por esse tipo de leilão, os credores que oferecerem descontos maiores sobre seus créditos farão jus à quitação antecipada em relação aos demais credores da mesma categoria. Apesar dos descontos mínimos elevados dos leilões, as alternativas oferecidas para os investidores também envolvem grandes sacrifícios, já que eles terão de esperar muitos anos para receber (e também com descontos elevados).

No plano de recuperação judicial da Light apresentado em julho, a empresa propôs o mecanismo como alternativa de pagamento aos credores quirografários (que não possuem garantia real de pagamento). O desconto mínimo foi de 60% sobre o valor de face da dívida, conforme noticiou o Valor Econômico — quanto maior o desconto oferecido pelo credor, maiores as chances de receber o valor antes (o valor será pago à vista para os que tiverem suas propostas aceitas pela empresa). A Light desembolsará até 3 bilhões de reais para os credores que participarem do leilão. A alternativa para os credores que não quiserem participar é de esperar 15 anos para receber os valores a que têm direito, corrigidos pelo IPCA, mas com desconto de 80%, de acordo com a Bloomberg Linea.

Já no caso da Americanas, o desconto proposto no seu plano de RJ apresentado em março foi de 70% para os credores quirografários. Esta opção se contrapõe à oferta da empresa para essa classe de credores: deságio de 80% no valor da dívida e pagamento em uma parcela apenas daqui a vinte anos (2043). A cláusula de não litígio contra a companhia, seus controladores ou administradores também faz parte das condições oferecidas pelas duas empresas.


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