Doações para fundos patrimoniais triplicam em três anos

Endowments direcionam recursos para causas socioambientais

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Recentes no Brasil, aos poucos os fundos patrimoniais (endowments) vão se consolidando, recebendo mais recursos por meio de doações e investindo mais em projetos socioambientais, culturais e científicos. Foi o que mostrou o primeiro relatório que mapeou o desempenho desse tipo de fundo, o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2021, uma iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos. 

O fundo patrimonial é um tipo de fundo em que algum doador aporta recursos que serão geridos para que seu valor seja perpetuado — e os rendimentos são direcionados a causas abraçadas pelo endowment, como as sociais, ambientais, culturais ou científicas. A ideia é dar sustentabilidade no longo prazo a esses projetos, reduzindo a dependência de doações esporádicas. Esses fundos contam com lei específica desde 2019 (Lei 13.800/19). 

De acordo com o anuário, o valor das doações para endowments mais que triplicou nos últimos três anos: subiu de 174 milhões de reais em 2019 para 638 milhões de reais no ano passado. E as aplicações desses fundos nas causas que abraçam mais que duplicaram, de 127 milhões para 300 milhões de reais — considerando os três últimos anos, esses fundos aplicaram mais de 600 milhões de reais nessas causas. 

Quando se trata de patrimônio, houve um decréscimo de 13,8 bilhões de reais para 13 bilhões de reais de 2019 a 2021. Os realizadores do anuário atribuíram esse recuo ao fraco desempenho do mercado financeiro e de capitais, além do aumento dos resgates para que os fundos pudessem investir mais nas causas que apoiam, ainda respondendo à necessidade de mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19. No período, os resgates passaram de 158 milhões de reais para 338 milhões de reais. A pesquisa levou em consideração 40 dos 52 fundos patrimoniais existentes no Brasil (cujo patrimônio total aproximado é de 78 bilhões de reais). Foi excluído do anuário o maior dos endowments do país, que é o da Fundação Bradesco, com patrimônio de cerca de 65,5 bilhões de reais. 

Recentemente, o setor passou a contar com o primeiro fundo multi causas do Brasil, resultado de uma parceria entre a Sitawi Finanças do Bem e a Endowments do Brasil (nome da Organização Gestora de Fundos Patrimoniais que gere o fundo). O plano, noticiou o Valor Econômico, é atrair dez fundos com patrimônio de 2 milhões de reais cada um – o primeiro a aderir é voltado a questões LGBTQIA+ e visa dar sustentabilidade à atuação da Casa Chama, que presta assistência a esse grupo de pessoas.

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