Investidor de varejo some das ofertas públicas de ações

Ano de 2023 termina sem nenhum IPO; companhias reduzem captações na B3

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O recente otimismo dos investidores, que levou o Índice Bovespa (Ibovespa) a bater os 131 mil pontos em dezembro de 2023, gera a expectativa de que 2024 seja mais positivo para as ofertas públicas de ações – IPO. deixando para trás um ano marcado pelo sumiço dos investidores de varejo e pela redução das captações das companhias na bolsa.

Em 2023, o pequeno investidor ficou de fora ou se limitou a comprar até 2% do volume ofertado nas ofertas subsequentes (follow-ons). O sumiço desses investidores está relacionado ao mesmo fenômeno que levou as empresas a também acessarem menos a bolsa para financiar suas atividades: juros ainda elevados no Brasil, que, do lado do investidor, beneficiaram a renda fixa e dispensaram a necessidade de correr mais riscos para rentabilizar o capital e, do lado das empresas, seguraram os planos de expansão.

Outro fator constante ao longo do ano, mas que pesou especialmente no segundo semestre, foi a incerteza sobre o rumo dos juros norte-americanos, que aumentou a volatilidade do mercado financeiro. Em apenas uma das ofertas públicas de ações realizadas em 2023 na B3, a da Hapvida, o “varejo” registrou uma participação relevante – no caso, ficou com 34% do volume financeiro ofertado (adquirido por 116 pessoas físicas, indicando um tíquete médio bastante elevado).

Repetindo o que já havia acontecido em 2022, em 2023 nenhuma nova empresa fez uma listagem inicial de ações (IPO) na B3. E as companhias que já têm ações listadas recorreram menos a essa fonte de captação de recursos, tanto que as ofertas subsequentes também registraram queda em relação ao ano passado. De acordo com dados da B3, as companhias captaram cerca de 31 bilhões de reais por meio de ofertas subsequentes – redução de 46,5% em relação a 2022, quando levantaram 57,7 bilhões de reais. No ano prestes a se encerrar, 20,3 bilhões de reais referiram-se a ofertas primárias, e o restante foi para as secundárias.

A melhora do mercado no fim deste ano reflete a expectativa de que a inflação norte-americana será controlada e que os juros do país não precisarão mais ser elevados – o que alimentou a expectativa de que o Brasil também possa continuar o seu processo de redução da meta da taxa Selic, abrindo espaço para valorizações adicionais do Ibovespa. A depender da confirmação de um cenário mais positivo em 2024, com manutenção das cotações na bolsa, a avaliação (valuation) das companhias pode se tornar mais atrativa, levando-as a retomar projetos de captar via IPO.

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