Mesmo com cenário adverso, governo de SP relicita rodovias

Mesmo com a deterioração do cenário econômico — que conjuga inflação e juros elevados, baixa expectativa de crescimento e instabilidade política —, o governo de São Paulo anunciou a relicitação do lote noroeste do programa de concessões rodoviárias. Ele engloba 600 quilômetros de rodovias, e o leilão está marcado para 15 de setembro. O ganhador da concessão será o consórcio ou a empresa que oferecer o valor máximo pela outorga fixa (o patamar mínimo estipulado no edital é de 4,5 milhões de reais). Além disso, os novos concessionários deverão arcar com o pagamento de uma parcela variável (8,5% da receita bruta) e com o ônus de fiscalização (3% sobre a receita bruta).

Os novos concessionários deverão investir 10 bilhões de reais, além de bancar 4 bilhões de reais de custos operacionais. O prazo para a concessão é de 30 anos. Em entrevista ao Valor Econômico, Rodrigo Maia, secretário de projetos e operações estratégicas do Estado de São Paulo, afirmou que a expectativa para a relicitação é positiva, porque esses trechos são maduros — a operação já é gerenciada pela iniciativa privada e os dados de tráfego são conhecidos — e contam com boa demanda. Bancos, fundos e grupos que atuam no setor estariam entre os potenciais participantes do leilão. 

Atualmente, os trechos são operados pela Tebe (consórcio formado por empresas de engenharia) e pela AB Triângulo do Sol (Atlantia e Bertin). O primeiro trecho tem 158 quilômetros e interliga cidades como Barretos, Bebedouro e Catanduva. O segundo conta com 442 quilômetros e passa por localidades como São Carlos, Araraquara e São José do Rio Preto. 

Com a relicitação, as tarifas de pedágio devem cair cerca de 10%, sendo que os veículos com tag (pagamento automático) poderão ter ainda desconto adicional de 5%. A ideia é que usuários frequentes, que passam pelas praças de pedágio constantemente e pagam de forma eletrônica, tenham acesso a descontos progressivos, que podem variar de 15% a 38%.