BNDES testa financiamento inédito

Edital de blended finance seleciona projetos de impacto socioambiental

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O financiamento híbrido, também conhecido como blended finance, está sendo testado pela primeira vez pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco vai direcionar até 90 milhões de reais a fundo perdido para projetos nas áreas de bioeconomia florestal, economia circular e desenvolvimento urbano. A expectativa é que esses recursos atraiam mais 270 milhões, ou seja, que cada real aportado pelo banco alavanque três reais de capital. 

Trata-se da primeira rodada de financiamento do tipo, mas outras devem vir, afirmou o diretor de crédito produtivo e socioambiental do banco de fomento, Bruno Aranha, durante live de lançamento do edital. “É uma solução feita para durar.” Ele explicou que um dos critérios levados em conta, além dos projetos em si, será a alavancagem, ou a capacidade de atração de capital adicional. “É muito importante trazermos mais recursos, especialmente do setor privado, para essa solução”, observou. 

O edital foi lançado no dia 9 de maio e vai até 8 de julho. Ele vai selecionar os estruturadores, que vão atuar de forma semelhante a gestores de private equity: serão responsáveis por montar o “pipeline” de projetos ou investimentos e por captar os recursos. 

O financiamento híbrido é aquele que combina o chamado capital concessional (ou catalítico) com o capital privado, por meio do uso de garantias, subordinação de dívidas, ações etc. Ele vem emergindo porque permite um equilíbrio entre o risco e o retorno de projetos que, sem o capital de fomento, não encontrariam interessados privados. Os recursos a fundo perdido absorvem o risco da operação, mas atingem o objetivo de gerar impacto positivo, e o capital privado é remunerado pelo investimento. A ideia é que o capital de fomento atraia recursos privados para financiar investimentos que contribuam para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), da ONU. 

De acordo com definição da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) citada em cartilha do BNDES sobre financiamento híbrido, este deve ter três características: impacto social, ambiental e de desenvolvimento econômico; retorno financeiro em linha com o mercado e compatível com o risco; e alavancagem, entendida como o uso de capital público e/ou filantrópico para atrair capital privado. Se a operação for viável sem o capital catalítico, não pode ser considerada blended finance.

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